Uma Vida — A História de Nicholas Winton | Assista nos Cinemas

Wanna Be Nerd
5 min readMar 15, 2024

É de extrema relevância que biografias de figuras não conhecidas se tornem públicas. Principalmente quando se fala daquelas que ficarão marcadas na história mundial por fazer algo corajoso e que afeta todo o coletivo. São tais narrativas que chegam as prateleiras das livrarias ou as salas de cinema que se evidenciam como uma dose cinematográfica de esperança para a audiência. É o caso de ‘’Uma Vida — A História de Nicholas Winton’’, longa-metragem dirigido por James Hawes (Enid).

O filme não traz nada de novo para o gênero ou para a indústria, não se atreve a ser inventivo. Entretanto, com uma condução cheia de emoção e uma técnica adequada chega a bons lugares e tem tudo para conquistar os espectadores. Na trama, acompanhamos a história de Nicholas Winton, que junto de outras pessoas, tentou resgatar o máximo de crianças possíveis, que estavam em acampamentos de refugiados em Praga para fugir dos nazistas nos anos 30. Um acontecimento não tão conhecido do público e importante de ser validado como uma história cinemática. Afinal, é deveras significativo não se esquecer o passado ou deixar que este se repita. E nesse caso, a película ainda é baseada no livro homônimo, da filha de Nicholas, Barbara Winton. A obra traz à tona um caso ainda pouco conhecido do cenário pré segunda guerra mundial onde 50 anos depois em 1988, um programa de tevê chamado “That’s Life’’ transmitiu para toda a Inglaterra o reencontro de Winton com as 669 crianças que ele ajudou a locomover para o país.

Tudo isso fez parte do que ficou conhecido como Kindertransport, uma grande operação que levou mais de 10.000 crianças judaicas, sem acompanhamento de pais ou parentes de vários lugares, incluindo a Tchecoslováquia.

Créditos: See-Saw Films/ MBK Productions/ BBC FILMS

A produção foi rodada de agosto a outubro de 2022 em Praga, na Tchecoslováquia e também em Londres, no Reino Unido

O enredo apresenta o arco de Nicholas mais jovem, interpretado por Johnny Flynn (Emma), que vai a Praga para ajudar na papelada e na documentação de uma Associação. Já o momento do personagem na vida madura é vivido pelo ator Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes/Os Dois Papas) e a reflexão de Nicholas se volta para as crianças que não conseguiu tirar dos acampamentos.

O trabalho de cada um dos atores segue linhas complexas e é bonito de ver o duo em cena — cada um em seu período. Anthony é uma força de atuação, e seus momentos de emoção e contemplação na tela nos impactam de uma forma inigualável. O personagem é caridoso e diante do seu privilégio doa aos que necessitam o que precisarem — o que faz com que sua mulher Greta Winton, interpretada por Lena Olin (Upgraded), peça para que ele dê espaço para novas utensílios e mobília em casa, limpando documentos e materiais que juntou ao longo dos anos. Assim, aos poucos, assiste-se retirar do escritório de Winton tudo o que o preenche, enquanto as memórias do passado vão tomando força. Ali, um objeto específico, uma maleta, ganha destaque e relevância.

Créditos: See-Saw Films/ MBK Productions/ BBC FILMS

Acima, Sir Nicholas em 2003 quando recebeu uma honraria da realeza por ‘’serviços a humanidade”. À esquerda, imagem da Dama Esther Rantzen exibindo o diário com os detalhes da missão Winton e, por último, Nicholas com uma das crianças que ajudou a resgatar em 1939.

A maleta em questão contém as fotos e informações de todas as crianças catalogadas por ele e a equipe de resgate, para poderem fazer a transferência de todas. Parece incerto a princípio, o que a maleta representa. Mas em retrospecto, ele que não consegue deixar para trás o sofrimento pelos que não conseguiu salvar, quer que a história daquelas pessoas seja contada, mas não encontra ninguém que consegue entender o significado daquelas vidas — tanto as que foram salvas, quanto as que ficaram para trás.

O propósito desta produção é então encontrado. Logo que ao contar a história de Nicholas e homenagear o seu legado, é contada o que todas aquelas crianças passaram e como ela puderam reconstruir suas vidas. Contudo, também é repensar o que aconteceu e não deixar que a memória daqueles que ficaram para trás seja esquecida.

A película traz ao espectador a chance de refletir sobre os tempos atuais. Isto se deve ao fato de que a tragédia vivida no período de guerra dos anos 30 e 40 está acontecendo hoje aos olhos de todos. Portanto, assistir ao filme, deixa no fundo, uma sensação de desespero. E a trama é muito competente em fazer àqueles que a assistem a se emocionarem de verdade, pois se escora muito no sentimentalismo envolvido. O que não é ruim. Mas ao mesmo tempo que é esperançoso e tocante ver as vidas que foram poupadas com o esforço de uma corrente solidária, também é angustiante pensar que pouco está sendo feito por muitas crianças que seguem refugiadas em territórios de conflito no Oriente Médio. É um soco no estômago perceber que o passado se repete e as nações mundiais apenas visualizam de longe e torcem para que ataques e guerras cheguem ao fim.

Trailer

Ficha Técnica

Titulo original e ano: One Life, 2023. Direção: James Hawes. Roteiro: Lucinda Coxon e Nick Drake — baseado no livro de Barbara Winton. Elenco: Anthony Hopkins, Lena Olin, Johnny Flyn, Helena Boham Carter, Jonathan Pryce, Romola Garai, Alex Sharp, Matilda Thorpe, Daniel Brown, Tim Steed, Jiri Simek. Gênero: Drama, Biografia. Nacionalidade: Reino Unido. Trilha Sonora Original: Volker Bertelmann. Fotografia: Zac Nicholson. Edição: Lucia Zuchetti. Design de Produção: Christina Moore. Figurino: Joanna Eatwell. Distribuição: Diamond Films Brasil. Duração: 110min.

EM EXIBICÃO NOS CINEMAS

por Amanda Karolyne

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