A Paixão Segundo G.H, de Luiz Fernando Carvalho | Assista nos Cinemas

Wanna Be Nerd
3 min readApr 11, 2024

Depois de viver Capitu tanto na minissérie homônima (Luiz Fernando Carvalho, 2008) e no filme Dom (Moacyr Goés, 2003), Maria Fernanda Cândido dá vida a outra das grandes personagens da literatura brasileira, a misteriosa G.H., de quem conhecemos apenas as iniciais e a profissão.

O diretor, Luiz Fernando Carvalho, retorna ao cinema depois de vinte e dois anos trabalhando apenas na televisão. Seu último lançamento para a sétima arte havia sido Lavoura Arcaica (2001), também uma adaptação literária. O livro A Paixão Segundo G.H. foi muitas vezes chamado de inadaptável, por tratar-se de um fluxo de pensamentos que trata de assuntos extremamente existenciais e impalpáveis. Pois arrisca-se dizer que Luiz Fernando era o único que poderia ter dirigido a grandiosa obra da autora Clarice Lispector.

Com uma razão de aspecto de ‘’4:3'’ com as quinas arredondadas e planos muito fechados no rosto da protagonista, mergulhamos em sua subjetividade. A direção de arte, figurinos e cenários são esplêndidos. Nos transportam diretamente para a zona sul carioca dos anos 60 com maestria mesmo com poucas tomadas externas. O diretor segue sendo prolífico em criar atmosferas.

Créditos: Paris Entretenimento, LFC Produções, República Pureza Filmes, Eleonora Granata e Academia de Filmes

A produção recebeu indicação de ‘’Melhor Film’’ em sua passagem pelo ‘’Buenos Aires International Festival of Independent Cinema’’

Maria Fernanda narra quase todos os trechos mais marcantes do livro durante a duração do filme. Sua voz navega entre o desespero, a calmaria, o grito e o sussurro. Apesar da voz em off constante, o ritmo da montagem e da própria misè en scene não deixam a obra soar verborrágica. Nas pausas, a trilha sonora dita o tom: descoberta, agonia, imensidão.

A decisão de não mostrar o rosto do ex-amante de G.H., mas explorar o olhar da empregada doméstica Janair em vários momentos é acertadíssima. O homem, por mais que seja um interlocutor, é um objeto — de prazer, de referência, de reflexão. Janair é parte essencial da epifania, como ‘’a barata’’.

É claro que não é um filme para todos. Apenas os maus filmes são para todos. É preciso adentrar algo de muito específico para que a identificação seja tão profunda. Há também o fator da catsaridafobia, que não é algo incomum na população. Os diversos closes da barata e de seus fluidos vão enojar boa parte da audiência. Por fim, aos que dizem que o longa é basicamente um audiolivro, só pode-se dizer que eles não devem ter ouvido muitos audiolivros.

Teaser Trailer

Ficha Técnica

Título Original e Ano: A Paixão Segundo G.H, 2024. Direção: Luiz Fernando Carvalho. Roteiro: Luiz Fernando Carvalho e Melina Dalboni — adaptação da obra homônima de Clarice Lispector. Elenco: Maria Fernanda Candido e Samira Nancassa. Gênero: Drama. Nacionalidade: Brasil. Direção de Fotografia: Paulo Mancini e Miqueias Lino. Figurino: Thanara Schönardie. Cenografia: Mariana Villas-Bôas. Caracterização: Eduardo Bellini, Luigi Custódio e Neandro Ferreira (Visagismo). Assistente de direção: Kity Féo. Desenho de Produção: João Irênio, Thanara Schönardie e Mariana Villas-Bôas. Empresa Produtora: Paris Entretenimento, LFC Produções, República Pureza Filmes e Academia de Filmes. Produção: Luiz Fernando Carvalho, Paulo Roberto Schmidt, Marcio Fraccaroli, Veronica Stumpf e Marcello Ludwig Maia. Empresa Coprodutora: Elenora Granata. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 02h06min.

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por Luana Rosa

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